MONTES CLAROS (por
Girleno Alencar) – O janaubense Clevison Rocha Santos, 27 anos, se formou em
Direito pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), como a segunda
pessoa portadora de deficiência visual nessa área no Norte de Minas, sendo
antecedido apenas pelo advogado Rick Martins. A formatura ocorreu na
quinta-feira passada, dia 13 de julho, em solenidade realizada na OAB.
Para Clevison, o diploma
foi o primeiro passo do seu principal objetivo: fazer o concurso para juiz, e
ser o primeiro magistrado cego de Minas Geras. No Brasil, Ricardo Tadeu Marques
da Fonseca foi o primeiro juiz cego (PCD - pessoa cm deficiência). Ele que em 2014 acabou nomeado
desembargador do Tribunal Regional do Trabalho, no Paraná, perdeu a visão aos
23 anos quando fazia o terceiro período de Direito na tradicional Faculdade do
Largo São Francisco, na Universidade de São Paulo (USP).
O novo bacharel em
Direito Clevison Rocha explicou que perdeu a visão aos dois anos de idade,
quando surgiu um tumor em sua cabeça, que retirou o oxigênio do nervo ótico.
Estudou na escola Batista, de Janaúba, quando na época ficou conhecendo um
deficiente visual que veio de Juiz de Fora e daí criaram a Associação dos
Deficientes de Janaúba.
Clevison veio morar em
Montes Claros, onde passou a estudar na Escola Normal, aproveitando que ali
tinha o Centro de Apoio ao Deficiente Visual, onde os textos são convertidos em
braile. No ano de 2012, tentou seu primeiro vestibular, mas foi reprovado.
Tentou no mesmo ano, quando ficou na lista de espera na cota de deficientes,
mas acabou chamado.
O desejo de ser juiz,
segundo ele, começou quando ele era ainda criança e espera alcançar esse
objetivo. Por isso, a prioridade em estudar para os concursos. Um aspecto
curioso: Clevison gravou todas as aulas do curso de Direito. Uma forma de ajudar
nos estudos em casa.
Ele lamenta que a
Unimontes, com toda pujança, não tenha profissionais para ajudar os portadores
de deficiências visuais para, por exemplo, ler o que o professor escreve no
quadro. Mesmo assim, considera um avanço a criação do Núcleo de Inclusão (NUSI)
que tem, desde o ano de 2015, um scanner de voz (que converte documentos
impressos em áudio), doado pelo Lions Montes Claros Novorizonte e o Grupo
Ortomontes. (Fonte: jornal Gazeta Norte Mineira)
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