FUNORTE FACULDADES DE JANAÚBA

FUNORTE FACULDADES DE JANAÚBA

Imagem
FUNORTE JANAÚBA... Somos referência... FUNORTE JANAÚBA (38)38213427 (38) 998776968 Endereço: rua Rodolfo Soares de Oliveira, 234, Vila São Vicente, Janaúba/MG.

MOISÉS LACERDA UM SÉCULO DE VIDA- UM DESBRAVADOR DE ALMA POÉTICA NO NORTE DE MINAS GERAIS


Foto Oliveira Júnior

Moisés Bento Lacerda com a esposa Irene e os filhos Júlio e Pedro.

“Aqui está um sobrevivente que veio das bandas do Norte, veio para Minas Gerais encontra-se com a sorte. Se conhece um bom guerreiro quando a luta é muito forte, mas hoje com 95 anos já estou me escondendo da morte”.

JANAÚBA – Essas palavras foram ditas pelo Senhor Moisés Bento Lacerda há cinco anos e registradas pela Socióloga e Arte-educadora Liana Almeida durante entrevista no ano de 2008.
Passados os cinco anos da entrevista, hoje esse grande guerreiro completa cem anos de vida. Difícil relatar em pequeno texto as inúmeras histórias que se passaram e que marcaram sua trajetória durante um século. Mais difícil ainda é deixar sem dizer, mesmo que pouco, diante da grandeza que é a sua pessoa, alguma narrativa desse homem que soube viver a vida em sua plenitude, na tentativa de passar aos Janaubenses uma face do seu ser, o que o levou a buscar na terra dos Gorutubanos, a lutar e vencer com tamanha singeleza e sem dificuldades, palavras expressas por ele :
Na minha vida nunca encontrei dificuldades, sempre busquei e lutei por aquilo que acreditei. Devo parte das minhas conquistas e realizações à fé que sempre tive em nosso criador e posso dizer que me sinto um homem realizado por ter alcançado o meu principal objetivo, a minha missão aqui nessa terra: fazer o bem sem olhar a quem.
Senhor Moisés tem sua origem em uma família pobre de São José das Piranhas, na Paraíba, mas precisamente da fazenda Jenipapeiro. O pai era agricultor, sua mãe era dona de casa e costureira. Muito cedo perdeu o pai, com quem teve tempo de aprender a trabalhar com a terra, que chama a matemática das sementes. Aprendeu a contar plantando sementes de milho, arroz e feijão quando tinha apenas cinco anos de idade, o que considera sua primeira escola. Sua segunda escola foi aos dez anos, quando o pai contratou um Professor por seis meses para avançar nas lições de matemática e leitura. Trabalhou na lavoura até quatorze anos. Seus irmãos eram nove, ele como o terceiro filho se sentiu no dever de trabalhar para ajudar a mãe a criar os irmãos. Aos dezessete anos deixou a vida do campo e foi trabalhar no comercio em São José das Piranhas, lembra com gratidão o nome do seu primeiro patrão, o Senhor Vicente Tiago da Silva, que lhe deu oportunidades inclusive de estudar em uma escola e melhorar intelectualmente. Seu último emprego antes de vir para Minas Gerais foi numa loja de armarinhos, tecidos e compra de algodão e gado, do Senhor Antonio Gomes. Como homem de espírito guerreiro e desbravador, tinha outros sonhos e se arriscou pegando em 1937 o Vapor Benjamim Guimarães em Petrolina, deixando para traz sua mãe e nove irmãos, que depois vieram mais tarde. Viajando pelo São Francisco até Pirapora durante vinte e oito dias, desceu em Montes Claros quando foi selecionado para trabalhar em Janaúba, antigo povoado de Gameleira, na construção da Estrada de Ferro Central do Brasil, por isso foi dispensado de representar o Brasil durante a Segunda Guerra Mundial. Viajou na segunda classe, uma viagem divertida, com a presença de padres, intelectuais, poetas, seresteiros, e completa, nada de namorar, não havia no vapor nenhuma moça com quem se engraçasse. Chegou em Janaúba em 1942 em plena Segunda Guerra Mundial. A Central do Brasil, de vinte em vinte quilômetros tinha um empreiteiro, em Janaúba encontrou com o Chefe Dr. Novaes. Nessa época não havia nada, tinha uma frondosa Gameleira ao redor do que hoje é a Praça Dr. Rockert, onde abrigava os tropeiros, comerciantes que vinham dos Gerais para vender seus produtos, meia dúzia de casas habitadas pelas famílias do Sr. Catulé, Santos Mendes, Zé Mendes, Marcolino Barbosa, Américo Soares e a Igrejinha do Bom Jesus. Senhor Moíses enfiou a cara no trabalho durante oito anos na construção da Estrada de Ferro e em paralelo comprou carroças e foi trabalhar como empreiteiro e assim começou a ganhar dinheiro. Aí conheceu sua esposa D.Irene Teixeira com quem tem doze filhos, e não mede predicativo quando fala dela: linda, difícil e branda de coração. Com muito trabalho e boas relações sociais foi um grande comerciante e fazendeiro, foi eleito a vereador na primeira eleição em 1949 e atuou como Juiz de Paz por sessenta anos em Janaúba. Poucos sabem que o Senhor Moisés é um homem sábio por natureza, em diálogo constante com os livros, demonstra algumas preferências literárias, como Castro Alves, Euclides da Cunha e Guimarães Rosa. Conversar com ele é mergulhar num poço de sabedoria e conhecimento. Como nordestino que é, possui o poder no trato com as palavras, conversar com ele é possível em segundos entender que a vida possui início, meio e a eternidade. A prosa que se segue foi falada por ele quando retornou a sua terra natal, depois de trinta seis anos ausente:
“Cheguei lá em minha terra, senti que ia acontecer comigo uma redenção. Peguei um punhado de terra, beijei como se fosse uma pessoa que agente muito gosta e falei: Beijo a terra que me viu nascer, se deu nada ao menos vi as criaturas, hoje eu volto para lhe agradecer. Saúdo o meu sertão, saúdo a primavera e o verão, saúdo as matas e a campinas, saúdo as águas cristalinas que dorme sob o olhar de cima. Salve o canto da Seriema que sua feliz alvorada desperta toda passarada em harmonia que vale a pena. Salve minha cidade esse grande pedestal, salve os idosos do município e das cidades, salve toda mocidade dessa minha terra natal. Salve todos os santos, São José e São Sebastião, salve todos os animais e o gado do meu sertão, vejo a glória do criador no esplendor dessa terra. Agradeço meus conterrâneos por me escutar com carinho, lá na Fazenda Jenipapeiro construir de qualquer jeito, era lá o nosso ninho”.
Assim parabenizamos o Senhor Moisés, esse grande homem secular, que ao construir a sua própria história contribuiu para a construção da história do povo Janaubense.
(Fonte: Liana Almeida, Artista Plástica, Arte-educadora , Socióloga e nora do Senhor Moisés.)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

ACIDENTE FATAL NA BR-251 ENTRE CARRETA E VAN QUE TRANSPORTAVA PACIENTES DE JANAÚBA; SAMU E BOMBEIROS INFORMAM QUE 3 PESSOAS MORRERAM

PROFESSORA DA PREFEITURA DE JANAÚBA MORRE EM ACIDENTE NA MG-401: PROFESSORA ÂNGELA ESTAVA NUMA MOTO ENTRE JANAÚBA E VERDELÂNDIA

AVIÃO CAI NO SUL DE MINAS E DEIXA 7 MORTOS, ENTRE ELES O EMPRESÁRIO JANAUBENSE MARCÍLIO SILVEIRA, FILHO DO JANAUBENSE TONY EQUIPAMENTOS

CORPO DA SERVIDORA CARMEN MADALENA, DA CODEVASF, É SEPULTADO EM JANAÚBA EM CLIMA DE COMOÇÃO; SERVIDORA ELIANE MONÇÃO, VÍTIMA DESSE ACIDENTE, RECEBE ALTA E DEVE CHEGAR À JANAÚBA NESTA SEXTA-FEIRA

RIO GORUTUBA NA COMUNIDADE DE CATUNI, EM FRANCISCO SÁ-MG, NESTE SÁBADO, DIA 02 DE MARÇO DE 2024

DOIS MOTORISTAS E O DONO DO ÔNIBUS MORRERAM COM A COLISÃO EM CAMINHÃO NA BR-122, ENTRE JANAÚBA E CAPITÃO ENÉAS: ELES VIAJAVAM DE PINDAÍ-BA PARA SÃO PAULO; MOTORISTA DO CAMINHÃO QUE IA PARA JAÍBA ESTÁ INTERNADO EM HOSPITAL

ACIDENTE FATAL NA MG-401 EM JANAÚBA: TRÊS PESSOAS MORRERAM E UMA FICOU FERIDA EM COLISÃO QUE ENVOLVEU TRÊS CAMINHÕES

WAGUIM DA GÁS NORTE PARTIU ETERNAMENTE QUANDO PRATICAVA O QUE GOSTAVA DE FAZER: APROVEITAR A VIDA, VIAJAR PELO BRASIL E PILOTAR MOTOCICLETA

TRÁGICO ACIDENTE NA BR-122 CAUSA A MORTE DA EMPRESÁRIA DULCE COSTA LOPO, DA PALIJAN DE JANAÚBA: CARRO CAPOTOU PERTO DE CAPITÃO ENÉAS

ACIDENTE NA BR-122: UMA MULHER MORREU E 3 PESSOAS FICARAM FERIDAS EM BATIDA DE CARRO COM CAMINHÃO