Foto Álbum de família
Clemente Teles Neto.
BELO
HORIZONTE (por Oliveira Júnior) – O produtor rural Clementes Teles Neto, 64 anos, faleceu
na noite desta sexta-feira, dia 8 de março, vítima de câncer no pulmão. Ele se encontrava
em Belo Horizonte, onde há mais de um ano era submetido a tratamento.
Clemente Teles ou Kelé, como era muito conhecido, mantinha até então uma
propriedade agrícola em Janaúba onde cultivava manga. Clemente Teles também foi
presidente da Associação dos Fruticultores do Norte de Minas (Abanorte), além
de atuação na área de pecuária.
Natural de Governador Valadares-MG,
Clemente Teles estava em Janaúba há mais de 30 anos período em que desempenhou as
atividades administrativas em propriedades e instituições ligadas ao setor
agropecuário. Também teve importante participação na área política, empresarial
e social de Janaúba e região. Na função de líder maior dos fruticultores,
Clemente Teles era um inquieto presidente da Abanorte. Lutou e conseguiu
benefícios para a produção de frutas e, consequentemente, para o fortalecimento
da economia regional.
CLEMENTE
TELES NA REVISTA GLOBO RURAL
A determinação de Clemente Teles na
administração de empreendimento agrícola fez com que a revista Globo Rural,
especialista em agronegócio e pertencente ao grupo Rede Globo, estampasse em
suas páginas o êxito do janaubense Kelé na produção de manga, fruta de fácil
aceitação no mercado consumidor brasileiro.
Foto Álbum de família
Clemente Teles.
Na reportagem “Produção mineira de
manga pode ultrapassar 100 mil toneladas” (VEJA AQUI)
Clemente Teles dava a receita do sucesso: o principal objetivo é garantir a
colheita nos períodos de entressafra dos grandes concorrentes. Kelé teria
citado que a produção da região termina na metade do primeiro semestre, período
em que começa a predominar no estado a venda da manga dos pomares paulistas,
que vai até setembro.
A revista Globo Rural (variável do
programa de mesmo nome na TV Globo) destacava que Clemente Teles expandia a
produção da manga Palmer para substituir aos poucos o cultivo das variedades
Tomy e Haden. O objetivo é melhorar a renda, pois a Palmer podia alcançar em
Minas Gerais um preço ao produtor de até R$ 2,00 o quilo, cerca do dobro da
cotação das outras variedades. “Vale investir na produção porque os
consumidores preferem atualmente a Palmer por causa do sabor e da qualidade”,
acrescenta Kelé em entrevista à revista do segmento agropecuário.
Foto Arquivo
Clemente
Teles pronto para a “posse” de amigo em eleição em Janaúba, em 2000.
DE
TERNO PARA A POSSE DO AMIGO
Clemente Teles, o Kelé, teve
fundamental importância nos bastidores da política de Janaúba. Ele sempre
estava na linha de frente do grupo político do qual fazia parte. Aliás, era
testemunha cabal das rodadas de negociações, na maioria das vezes em sua própria
residência.
O cenário político municipal se
desenhava nas reuniões em que tinha Clemente Teles como anfitrião. Brincalhão e
decisivo, o mineiro de Governador Valadares incorporou ao jeito gorutubano de
ser. Na eleição municipal de 2000, Clemente protagonizou uma cena memorável na
política de Janaúba. Por volta das 16h do dia da votação ele foi à Escola
Estadual Maurício Augusto de Azevedo (Colégio Estadual), no centro de Janaúba,
local de votação.
Em traje diferente dos demais eleitores
e prestadores de serviços da Justiça Eleitoral, Clemente Teles circulou pelo
local de votação e na seção eleitoral onde estava cadastrado e votou. Ele
estava com um terno e gravata e não hesitava em dizer que já estava pronto para
a posse...a posse do amigo candidato Ivonei Abade Brito que, poucos minutos
depois, teria sido eleito prefeito de Janaúba. E Clemente Teles seguiu, de
terno e gravata, para a comemoração da vitória.
A
DIFÍCIL BATALHA PELA VIDA
Em fevereiro de 2012, Clemente Teles
Neto foi capa da revista MAIS, editada em Janaúba, em reportagem sobre “Câncer:
A difícil batalha pela vida que os doentes enfrentam”, que teve relatos de
moradores de Janaúba que travam o duelo para sobreviverem, mesmo com o desgaste
físico e emocional decorrente das viagens de ida e volta ao setor de Oncologia.
“Eu tenho câncer de pulmão. Estou na fase final do
tratamento e estou aprendendo a reviver”, teria declarado o fruticultor
Clemente Teles Neto à revista MAIS, um ano atrás. Ele descobriu a doença em
novembro de 2011 e fez questão de relatar para MAIS (LEIA AQUI) essa nova trajetória da vida.
“Alerto a todos sobre a importância dos exames periódicos e check-ups médicos
anuais. Todos nós conhecemos histórias de pessoas que passam anos sofrendo para
tentar curar um câncer. Ouvimos falar das dores, dos enjôos e dos efeitos
colaterais...”, orientou o fruticultor ao reconhecer que o acesso ao tratamento
é muito caro, apesar de ter a cobertura do Sistema Único de Saúde (SUS).
“EU
QUERO E EU VOU VIVER!
Seja otimista! Busque forças na sua fé, crença ou
religião! Apóie-se nos amigos – eles existem e aparecem! Encare a doença de frente, olhe pra ela e
diga: “Eu quero e eu vou viver!”. Reúna as forças dentro de você, vasculhe seu
íntimo e pense no quanto a sua família te ama. Transforme este amor em energia
e bombardeie seu câncer todos os dias com, pelo menos, um sorriso! Essa
recomendação de conduta é de Clemente que agia com realidade e bom-humor para
superar as fases do tratamento.
“Faço um alerta destacado aos homens e mulheres
jovens, especialmente as mães com crianças pequenas, que trabalham muito e não
têm tempo para cuidar de sua própria saúde - e aos pais que costumam pensar que
nada de mal acontecerá à sua família”, citou o fruticultor para quem é
indispensável fazer exames periódicos, check-ups anuais e é fundamental ter
acesso aos modernos centros de tratamento. A citação foi publicada na revista
MAIS, edição fevereiro/março 2012 - Janaúba/MG. O corpo de Clemente Teles neto será velado e sepultado em Governador Valadares-MG.
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