PREFEITO PASSA A SER ELEITOR EM MUNICÍPIO VIZINHO ONDE PRETENDE SER CANDIDATO A PREFEITO

Foto Oliveira Júnior

Governador Antônio Anastasia e o prefeito de Matias Cardoso, João Cordoval, o João Pescador.

MANGA (por Luís Cláudio Guedes) – O assunto quase passa em brancas nuvens. O prefeito de Matias Cardoso, João Cordoval, o João Pescador (PT), deu um passo concreto na anunciada estratégia de continuar na política quando concluir o segundo mandato à frente do município barranqueiro, no final do próximo ano.

Pescador transferiu o seu domicílio eleitoral para a vizinha cidade de Manga e parece resolvido a levar a sério a hipótese de participar, em algum nível de inserção no petismo local, da sucessão do atual prefeito, Joaquim Oliveira (PPS).

Ao longo do último ano, e antes de pular o córrego de vez, João Pescador tomou outra providência que indica o seu desejo de se inserir no cotidiano dos manguenses: comprou uma casa na cidade e virou arroz de festa em todos os acontecimentos do município. Ninguém leva muito a sério a possibilidade de Cordoval disputar mesmo a prefeitura de Manga, entre outros motivos porque o PT local, controlado pelo deputado estadual Paulo Guedes, já tem projeto eleitoral mais ou menos definido.

Além disso, há ainda o fato da Justiça Eleitoral ter colocado na mira os chamados ‘prefeitos itinerantes’ – aquela turma que, a exemplo de Cordoval, planeja mudar de domicílio eleitoral com o objetivo de burlar a determinação constitucional que limita a possibilidade de reeleição há apenas um mandato.

Sinais trocados

Em abril deste ano, o plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmou jurisprudência da Corte no sentido de que só é possível uma reeleição subsequente para o cargo de prefeito, mesmo sendo em municípios diversos. Os ministros negaram, por maioria, recurso de Janainna Pinto Marques, eleita prefeita de Luzilândia (PI) em 2008 que, junto com o vice Alberto Jorge de Carvalho, foram cassados pelo Tribunal Regional Eleitoral do Piauí.

Janainna Pinto Marques exerceu dois mandatos consecutivos no cargo de prefeito do município piauiense de Joca Marques, em 1996 e 2000, e foi eleita e reeleita ao mesmo cargo no município de Luzilândia, em 2004 e 2008.

Mas nem mesmo o TSE se entende sobre a matéria. No início deste mês, a Corte decidiu que o prefeito de Florianópolis (SC), Dario Berger (PMDB-SC), não pode ser considerado prefeito itinerante e, por isso, não mereceu ter seu mandato cassado. Para a coligação adversária, que pediu a cassação de Berger, ele estaria exercendo o quarto mandato consecutivo, pois foi eleito e reeleito em São José, município da região metropolitana de Florianópolis, respectivamente nos anos de 1996 e 2000. E, ao final de seu segundo mandato em São José, em 2003, transferiu o domicílio eleitoral para Florianópolis, onde foi eleito em 2004 e reeleito em 2008. Berger permanece firme no cargo.

Cordoval volta a lançar a rede, a exemplo do que fez em Matias Cardoso há pouco mais de uma década, quando era um anônimo visitante esporádico da cidade recém-emancipada de Manga. O agora prefeito comprou uma casa na cidade, local em que reunia na beira do ‘Velho Chico’ convidados e amigos trazidos de Belo Horizonte, onde morava então, para pescarias no rio. Suas festas ficaram famosas na pequena cidade, por oferecer pratos típicos e bebida farta.

Foi assim, em relato mal resumido, que ele conseguiu ‘fisgar’ dois mandatos de prefeito em Matias Cardoso.