FUNORTE FACULDADES DE JANAÚBA

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FUNORTE JANAÚBA... Somos referência... FUNORTE JANAÚBA (38)38213427 (38) 998776968 Endereço: rua Rodolfo Soares de Oliveira, 234, Vila São Vicente, Janaúba/MG.

HISTÓRIA DE JANAÚBA, POR LUÍS CARLOS NOVAES - PERÉ

Ashuashuashuashuashuashu!

Obs.: Texto extraído do blog http://saponamuda2010.blogspot.com/

Foto Edvaldo Pinheiro

Os jornalistas e radialistas Luís Carlos Novaes, o Peré, e Oliveira Júnior.


Janaúba não muda. Mudam Janaúba. Passa dia, passa ano, passa século. E olha que nem um século ela tem! Janaúba está sempre sob os ventos!
Eles, que chegam em abril, continuam a bater em nosso rosto neste agosto. O vento no ermo a todos concerne, lembra João Rosa em Tutaméia. Tudo o que vemos é por uma básica ilusão de óptica, responde em Estas Estórias. Mas na hora que o vento bate no cabelo da gorutubana, ele faz dela uma ave solta, voando, soltando as penas, deixando-a vistosa, feito flor de açucena.
Minha filha Brisa virou moça de repente. Gorutubana, bonita, 16 anos. Linda! E eu nem a vi crescer como queria. A vida nunca é onde, lembra Rosa. Hoje, sigo o crescimento da Victória (Totóia) e do Júnior (Juca), e alimento o amor de todos. Mas como é difícil educar filhos nestes tempos de cibernética, aritmética, pessoas sem ética. Mô sabe como! A primeira, que um para ser alto nesta vida tem de aprender, é topar firme as invejas dos outros restantes, ensina Rosa.
Ando pelas ruas da Gorutuba de antigamente, presente só em minha cabeça. Ela desapareceu de repente, num clarão, num trovão, num relâmpago. Janaúba mudou. Ganhou ar de metrópole. A filha pequena de Montes Claros quer dar seu grito de independência. Janaúba não é uma cidade urbana. É de forasteiros. Os mesmos que chegaram, foram afastando os antigos, empurrando-os com a barriga.
Hoje, já não existem mais cavalos amarrados no tronco do Beco da Morte, no começo da Belo Horizonte. Aliás, nem tronco há mais! E nem chamam de Beco da Morte.
Hoje ainda se fala do monstro da barragem, que virou bloco de carnaval: Bixo da Barragem. Olha só! Mas, na lua cheia, não aparece mais o lobisomem. Não há mais a mula-sem-cabeça, que soltava fogo pelo pescoço, e assustava as donzelas das antigas. Aliás, há donzelas em Janaúba? Há, é claro!
Não há mais é a gameleira, que deu nome à cidade, e que, entre suas folhagens, os demônios, mais negros do que a noite negra, vinham às sextas-feiras da quaresma fazer planos para tentarem os que viviam na graça de Deus.
Até hoje corre como certo que foi debaixo da gameleira que Mendes Lourenço, quando vaqueiro de Antônio Ramalhudo, deu sua alma ao diabo para ajudar a ele ser o maior criador das caatingas. Também era ali que João Faustino, depois que matou o padre Vitório, vinha, toda sexta-feira da quaresma, de São José do Gorutuba, para virar lobisomem. Tudo acontecia debaixo da gameleira. Nem São José do Gorutuba foi pra frente, com a lavagem do sangue de Padre Vitório pelas águas do Bico da Pedra. Nem a gameleira vingou. E Ana Rosa? Ah! Ana Rosa, a mulher do padre, foi esquecida pelas novas gerações...
As ruas de Janaúba já não são as mesmas. Os bairros mudaram. O Padre Eustáquio continua ali, do outro lado da linha de trem de ferro. Não saiu do lugar, pois não tinha rodinhas. Lá ainda aparecem, vez por outra, um gorutubano, daqueles, do pé rachado. Mas só vez por outra, já que estão lá pros Barbosas da vida. Êta povo! Êta vida! Êta, Donatão! A vida é morte ou dinheiro...
No meu tempo, e foram apenas 20 anos atrás, todas as pessoas se conheciam em Janaúba. E se cumprimentavam, gostassem ou não umas das outras. Foi um tempo curto o meu lá, nove anos, mas ficou eterno.
Lá tinham duas facções políticas: os Timbós, e os Fariseus. Mas como a vida da gente nunca tem termo real, a política da cidade do meu coração seguiu seus passos. Também se tornou irreal.
É bom andar pelas ruas de Janaúba. Descer a asfaltada e moderna – dizem que inspirada numa ruela de cidade francesa – Avenida do Comércio, virar na nova praça do Banco do Nordeste, descer a Francisco Sá ou subir a Brasil.
Vejo as gorutubanas, tão poucas. Com suas pernas grossas, bunda arredondada. Negras, algumas mais claras, outras mais escuras. Pois o Quilombo do Gorutuba já se foi há muito tempo.
De noite elas se misturam com o verde escuro da mata, ficam ainda mais bonitas com a luz do luar de prata. Cantam, e como dançam, as negras do Gorutuba. Nadam no rio que já foi Kuruatuba. Hoje, um filete de água... Coisas que nem o coração explica.
Comer um churrasco em Janaúba é simples. Na Francisco Sá, transformaram a antiga pizzaria do Beto, que tinha nos fundos o Luiz Caldos, numa bela churrascaria. Se bem que eu prefiro ir comer lá em Dé, na Avenida Manoel Athayde. Um restaurante gostoso ao lado do cemitério. Da Saudade! Onde se acha uma paçoca divina. E, já que esta ao lado do cemitério, a gente vai deslembrando os nomes. O fantasma mora ao lado... Batemos papo com eles, bebemos com eles. Coisa da vida, como diria meu pai...
Estou aqui, querendo rever amigos novos e antigos. Parece música. São só duas, três horas, que passo nos gorutubas da vida, a maioria delas (tantas) em reunião. Mas é gostoso sentir a presença deles. Raul, Zé Dias, Arnaldo, Jedir... Américo, Oliveira Júnior, Antonio Augusto, Fernando Lucas... E o rio!
As lavadeiras do Gorutuba, todas gorutubanas do pé rachado, continuam lá, com os seios de fora. Lavando a roupa para os patrões. Para viver! Elas são cirandeiras à beira do rio, o braço escravo. É Janaúba sem mim, é Janaúba sem mar, nas ondas do ar... Quanto tempo vivi aqui, como amo esta cidade, meu Deus do céu! Que paixão estranha esta! Talvez tenha sido minha grande paixão, meu grande amor, até encontrar o amor verdadeiro, que está ao meu lado.
Fico a lembrar aqui, vendo estas lavadeiras do rio Gorutuba, como a vida passa ligeiro, como as águas do rio. Como os anos voam. E não é pelas asas da Panair.
Estou muito feliz aqui hoje. Tanto tempo que não vejo minha Janaúba amada. Tanto tempo que não sei quanto. Cadê Pinduca, Zé Tomé, José Dias e Seu Raul? Cadê esse povo? Cadê Jedir, cadê Zezinho Pereira e seu pé de caju, o único que já vi dar frutos vermelhos e amarelos. Ele plantou um junto com o outro. Os dois parecem um.
Cadê vocês, ó mãe de Deus?
Cadê o trem que me trouxe aqui, tantas vezes? Cadê os amigos andando serelepes pelas ruas, perguntando por que eu sumi...? Acho que foi na ânsia de invadir seu peito assim, cidade minha, de qualquer jeito, que acabei machucando meu coração. Mas ele sabe que o sofrimento, por amor a uma cidade, não é tormento. É só paixão. Ai! É só paixão. É só desejo.
Estou aqui, leve e solto, voado nestes gorutubas de minha vida.
Ai! Hoje eu vou tomar uma cachaça no bar do Dé. Ao lado do cemitério. Com Porretinha, Arnaldo Pereira e Zé Dias. Se eles não tiverem, tomo uma pro santo, já que estou ao lado do cemitério da Saudade. Quantas saudades de quantos que ali estão. Conforme o vento que bate ao pé da planta, a gente pega e canta, a gente quer cantar.
Desanuviei! Essa cidade é linda, e é dos negros, Victoria e Júnior.
Embora os brancos, quase todos forasteiros, como eu, cismem de tomar conta dela.
Vou mostrar pra vocês, meus filhos, a praia do Copo Sujo, as piscinas do Barreiro da Raiz. Vou mostrar os recantos da Terra do Benvirá, que tanto cantou Geraldo Vandré. E nem a conheceu!
Vou apresentar a vocês aos negros que moram no Barbosas, e cuja terra, Janaúba, era deles. Foram expulsos. Para quê? Para esse tal de progresso?
Não, para que tomem seu dinheiro, roubem sua terra, sua cultura. E, ao invés de guardar e mostrar pra todos essa cultura, a escondem, bem escondido, lá no Inferninho, que ganhou o nome de Novo Paraíso. Nem para isso, dar nome aos bois, serviram.
São apenas forasteiros
Estou a viajar por mim mesmo. Sinto seu cheiro, embora nem conheça o seu cheiro. Mas ele vem nos ventos de abril, de maio, junho, julho e agosto, que batem em meu rosto.
“Sou poeta menor, perdoai”, escreveu Manoel Bandeira. Longe dele o alto diapasão do anglo-americano T. S. Eliot, por exemplo, um dos grandes poetas do século passado, autor de versos de alta densidade metafísica, enigmáticos.
“O tempo passado e o tempo presente/
Estão ambos talvez presentes no tempo futuro/
E o tempo futuro contido no tempo passado”.
Janaúba é pão, pão, queijo, queijo.
Viu, Mô!
Obs.: Texto extraído do blog http://saponamuda2010.blogspot.com/

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